A Inteligência Artificial e o crescente déficit de cibersegurança na Europa

Quase uma em cada cinco empresas europeias admite ter lacunas significativas nas suas defesas de cibersegurança, num contexto onde a ascensão de ciberataques impulsionados por inteligência artificial expõe fragilidades em competências, tecnologias e infraestruturas, segundo um estudo recente da Kaspersky.
10 de Dezembro, 2024

À medida que a inteligência artificial (IA) se torna uma ferramenta indispensável tanto para inovação quanto para atividades maliciosas, a Europa enfrenta um desafio crescente no campo da cibersegurança. De acordo com um estudo recente da Kaspersky, 19% das empresas europeias admitem ter lacunas significativas nas suas defesas contra ciberameaças, evidenciando a dificuldade em acompanhar a sofisticação crescente dos ataques baseados em IA.

O relatório, intitulado “Cyber defense & AI: Are you ready to protect your organization?”, baseia-se em respostas de profissionais de TI e Segurança da Informação de PME e grandes empresas. Revela que a escassez de competências (40%), a falta de ferramentas avançadas de IA (38%) e a complexidade na gestão de infraestruturas de cibersegurança (39%) são os principais entraves para uma defesa eficaz.

Riscos crescentes e consequências devastadoras

A falta de adaptação a este novo panorama expõe as organizações a consequências graves. Fugas de dados confidenciais (52%), perdas financeiras significativas (42%) e danos à reputação (50%) são alguns dos principais temores das empresas. Em cenários mais extremos, até 19% das empresas relatam risco de encerramento parcial devido a ciberataques.

Alexey Vovk, Diretor de Segurança da Informação da Kaspersky, sublinha a urgência: “O aumento dos ciberataques impulsionados pela Inteligência Artificial marca um ponto de viragem no panorama da cibersegurança. Preparar-se para estas ameaças não é opcional; é essencial para proteger a estabilidade financeira e operacional das organizações.”

Barreiras Estruturais e a Importância da Capacitação

As empresas europeias enfrentam desafios específicos:

  • Formação inadequada: 40% apontam a necessidade de programas focados em ciberameaças baseadas em IA.
  • Infraestrutura complexa: Quase 39% das organizações destacam a dificuldade de gerir sistemas de defesa avançados.
  • Falta de especialistas: A escassez de profissionais qualificados em cibersegurança afeta 34% das empresas.

A ausência de ferramentas tecnológicas é outro fator crucial. Cerca de 38% das empresas não possuem soluções baseadas em IA, o que as deixa vulneráveis à proliferação de ameaças sofisticadas.

O caminho para a resiliência cibernética

Para mitigar esses riscos, importa adotar uma abordagem proativa, que inclui:

  • Implementação de soluções de segurança multicamada com tecnologia de IA.
  • Capacitação dos colaboradores através de programas de formação e sensibilização para cibersegurança.
  • Colaboração com especialistas externos para monitorizar e responder às ameaças emergentes.

Embora a tecnologia tenha o potencial de revolucionar a defesa contra ciberataques, o relatório sublinha que o fator humano e a adaptação organizacional continuam a ser essenciais. Em última análise, a cibersegurança eficaz dependerá de um equilíbrio entre investimento em tecnologia e desenvolvimento de competências internas.

Este estudo lança luz sobre a crescente tensão entre inovação e segurança, destacando a urgência de uma ação coordenada por parte das empresas europeias. O custo da inação não é apenas financeiro, mas também estratégico e reputacional, num mundo onde a cibersegurança já não é apenas uma questão técnica, mas uma prioridade de negócio.

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