João Miguel Mesquita
Com foco na produtividade e na simplificação da complexidade empresarial, a SAP quer colocar “o poder da IA empresarial nas mãos de cada utilizador”, nas palavras de Christian Klein, CEO da companhia. Com a promessa de democratizar o acesso à IA e impulsionar ganhos de produtividade até 30%.
O Joule, assistente de IA generativa da SAP, assume o papel central na estratégia agora anunciada. Integrado transversalmente no portefólio de aplicações da SAP – e também operando fora dele –, o Joule é apresentado como uma IA proativa, capaz de antecipar necessidades do utilizador, agir em tempo real e apresentar insights visualmente estruturados, com base em dados de negócio. A sua integração com a tecnologia da WalkMe permite-lhe acompanhar o comportamento dos utilizadores entre aplicações, garantindo um suporte contextualizado e contínuo.
A SAP reforçou ainda a capacidade cognitiva do Joule ao estabelecer uma colaboração com a Perplexity, empresa especializada em motores de resposta baseados em IA. Este reforço permite ao assistente responder a questões complexas combinando dados estruturados e não estruturados, e traduzir essas respostas em representações visuais como gráficos e tabelas, com suporte do SAP Knowledge Graph.
Complementando o Joule, a SAP anunciou uma biblioteca alargada de agentes de IA capazes de operar entre sistemas e departamentos, desde a experiência do cliente até à gestão do capital humano. Estes agentes são concebidos para agir autonomamente, baseando-se em dados em tempo real e em lógica de negócio, com o objetivo de otimizar processos end-to-end e tornar as organizações mais ágeis face à volatilidade dos mercados.
A interoperabilidade é também para a SAP palavra-chave: ao colaborar com parceiros estratégicos, a SAP constrói um ecossistema de agentes que se adaptam aos ambientes específicos dos clientes, permitindo orquestrar operações críticas com menor intervenção humana.
Outra das grandes novidades foi a AI Foundation, uma plataforma concebida para permitir que programadores desenvolvam, escalem e operem soluções personalizadas de IA com maior rapidez. Integrando ferramentas como um novo otimizador de prompts – desenvolvido com o laboratório Not Diamond – esta plataforma pretende reduzir drasticamente o tempo necessário para desenvolver casos de uso complexos, passando de dias para minutos.
A SAP posiciona-se assim como fornecedora do primeiro “sistema operativo real” para IA empresarial, numa tentativa clara de consolidar a sua posição enquanto líder na transformação digital orientada por dados e automação inteligente.
No domínio dos dados, a SAP avançou com novas aplicações inteligentes dentro da sua Business Data Cloud, com foco em áreas críticas como recursos humanos e cadeia de abastecimento. Estas aplicações são desenhadas para aprender com os dados, simular cenários e orientar decisões com base em mudanças operacionais ou contextuais.
A aplicação People Intelligence, por exemplo, permite transformar dados sobre competências e equipas em ações concretas para melhorar o desempenho organizacional – um exemplo claro da convergência entre analytics, IA e estratégia de talento.
Além disso, a aliança com a Palantir fortalece a proposta da SAP no que toca à migração cloud e modernização de sistemas legados, com foco na harmonização de dados e na geração de resultados tangíveis. O foco está, novamente, na adaptabilidade e resiliência organizacional num mundo marcado por disrupções frequentes.
A SAP apresentou também pacotes SAP Business Suite, concebidos para facilitar a transição para a cloud com menor fricção. Incorpora-se aqui o SAP Build, permitindo a personalização das soluções segundo os requisitos específicos de cada cliente.
Complementarmente, uma nova solução baseada no Joule e com suporte de ferramentas como SAP Signavio e SAP LeanIX oferece recomendações personalizadas para acelerar a transformação digital. A SAP estima que esta abordagem poderá reduzir até 35% o tempo necessário para gerar valor nas iniciativas de transição cloud.
A edição de 2025 da Sapphire traz propostas ambiciosas, centradas na convergência entre IA, dados e cloud. Através do Joule e de uma arquitetura de IA empresarial abrangente, a tecnológica alemã procura não apenas modernizar os seus produtos, mas redesenhar a própria forma como as empresas operam e tomam decisões.
