Donald Trump, agora no seu segundo mandato como Presidente dos Estados Unidos, delineou uma agenda ambiciosa que coloca a exploração espacial no centro da política americana. Durante um comício realizado na Capital One Arena pouco após a tomada de posse, Elon Musk, fundador da SpaceX e um dos principais aliados de Trump, prometeu uma “idade de ouro” para o país.
“É graças a vós que o futuro da civilização está assegurado”, declarou Musk à multidão, ecoando o otimismo presidencial em torno do projeto de levar humanos a Marte.
A colaboração entre o dono da SpaceX e o Presidente é simbólica de uma aliança crescente entre o poder político e os titãs da tecnologia. A cerimónia de posse, realizada na emblemática Rotunda do Capitólio, destacou esta proximidade, com Musk sentado entre os líderes da Google, Sundar Pichai, e da Meta, Mark Zuckerberg. Estas figuras de destaque estavam posicionadas atrás da família presidencial, sinalizando o peso político que a elite tecnológica detém na nova administração.
Exploração espacial como prioridade nacional
No centro da agenda de Trump está o apoio declarado ao programa da SpaceX para colonizar Marte, um objetivo que recebeu um novo ímpeto financeiro e institucional. O envolvimento direto de Musk com a administração é sublinhado pelo caloroso abraço entre os dois durante a cerimónia e pela nomeação de Musk para liderar, juntamente com Vivek Ramaswamy, um grupo consultivo externo denominado Departamento de Eficiência Governamental.
Este grupo, focado na redução da burocracia e do défice federal, representa a abordagem disruptiva de Musk, que há muito defende cortes ambiciosos nos gastos públicos. Em sessões no X (antigo Twitter), Musk indicou que o grupo pretende alcançar poupanças de até dois mil milhões de dólares, embora reconheça que o objetivo é ousado.
O risco de uma oligarquia tecnológica
A aliança entre Trump e Musk tem atraído críticas, incluindo do antigo presidente Joe Biden, que alertou para o crescimento de uma “oligarquia americana de bilionários da tecnologia”. A concentração de poder e influência em figuras como Musk levantou preocupações sobre os limites do papel do setor privado nas políticas públicas.
Acresce ainda, as controvérsias sobre o controlo de Musk no X. Sob a sua liderança, a plataforma abandonou muitas das políticas contra a desinformação, assistindo a um aumento de teorias da conspiração. O próprio Musk desempenhou um papel central na recente sabotagem de uma proposta bipartidária de financiamento governamental, utilizando a sua vasta audiência para espalhar alegações infundadas.
Marte: O sonho ou a distração?
Apesar das controvérsias, a visão de Musk de uma colónia em Marte é agora um objetivo nacional. Trump tem defendido a exploração espacial como um símbolo do renascimento americano, com o apoio de aliados populistas internacionais, como Giorgia Meloni, primeira-ministra italiana, uma das poucas figuras europeias presentes na cerimónia de posse.
Para os críticos, no entanto, o foco em Marte pode servir como distração de questões internas mais urgentes, como o aumento das divisões sociais e as ameaças à democracia americana. O segundo mandato de Trump promete ser marcado por este equilíbrio delicado entre inovação tecnológica e a concentração de poder nas mãos de uma elite bilionária.
A parceria entre Trump e Musk sinaliza uma nova fase na interseção entre política e tecnologia, com implicações que poderão moldar tanto o futuro da exploração espacial quanto a governança democrática nos Estados Unidos.